Arquivo: Edição de 21-08-2009
SECÇÃO: Opinião
Nossa Senhora da Tróia
Dizem que esta Santinha foi encontrada enrolada na areia e foi apanhada por um pescador, que juntamente com os seus camaradas lhe construíram uma pequena e tosca capela. O aparecimento desta imagem na praia, deve-se a qualquer naufrágio que se tivesse dado na costa, pois os navios que faziam longas viagens traziam sempre a bordo a imagem de uma Santa e, como esta foi encontrada em Tróia, daí o nome de Nossa Senhora da Tróia.
Mas tudo isto data de muitos anos atrás, pois que se sabe que nos finais do século XVI, já existia a capela de Nossa Senhora de Tróia, realizando-se nessa altura duas festas, em Agosto todos os anos, sendo uma de camponeses, e outra de marítimos. E foi por ordem de D. João V, que ali foi colocado um capelão para que pudesse dizer a missa.
Esta Imagem foi transferida da sua ermida junta às ruínas de Cetóbriga em 1853 para Setúbal ficando na igreja da Boa-Morte (que hoje já não existe) onde esteve 45 anos, até se fazer a actual capelinha que se encontra ainda na Caldeira da Tróia, desde 1898, começando a realizar-se as festas e procissões em honra de Nossa Senhora da Tróia a partir de 1946, que até presente perfaz 63 anos de festas pelo mar. Aliás esta procissão pelo mar sofreu um interregno de: 1974 a 1980 por motivos, que como é óbvio todos sabemos. Mas, a partir dai tudo se normalizou, e nós os que defendemos as tradições e cultura da nossa terra, julgamos que vamos ainda ter por muitos anos a tradicional e antiga procissão pelo mar trazendo a imagem de Nossa Senhora da Tróia em frente há fortaleza também ela secular, que desde o ano de 1900 foi doada pela Rainha D. Amélia para ser transformada em Sanatório do Outão, com o fim de receber crianças doentes.
Actualmente funciona lá o Hospital Ortopédico de Sant’iago do Outão. Façamos votos para que as boas vontades continuem todos os anos por esta altura, para que Nossa Senhora da Tróia vá pelo mar (de onde ela veio segundo história ou lenda) para abençoar os nossos doentes e…não só.
Só vou acrescentar o porquê de eu hoje escrever esta história. Foi porque adorei aquele livro feito com a colaboração dos alunos da Escola Secundária D. João II, tem aquelas fotos fabulosas do nosso inesquecível Américo. “Quando a Tróia era do Povo” acordou em mim os tempos que passei na Minha querida Caldeira, chegávamos na primeira semana de Julho e regressávamos na última de Setembro. Foi muito bom eu ter recordado esta fase linda da minha sociedade e como tal acabo desejando que todos aqueles que colaboraram no livro façam o favor de ser felizes.
Glória Zorro
O Fado da Caldeira
Perguntaram-me outro dia
Se era boa a brincadeira
Que sempre aqui se fazia
Na nossa querida Caldeira
Respondi sem hesitar
Com grande satisfação
Que se passava a brincar
A temporada de verão
Refrão
Tardes amenas
Noites serenas
Isto é caldeira
Gente modesta
Mas sempre em festa
Isto é Caldeira
Pois toda a gente
Entra contente
Na brincadeira
Rir e folgar
É a divisa
Cá na Caldeira
São três meses de folia
E de sã camaradagem
Banhos de mar e sol de dia
Á noite uma fresca aragem
O tempo aqui na caldeira
É de chuva, vento, sol e calor
Há respeito e brincadeira
Cabo de mar e regedor
Refrão
Rapazes e raparigas
E Família muito sérias
Para descansar as fadigas
Vêm aqui passar as férias
E quando tudo partir
Em franca fraternidade
Todo ano vão sentir
Desta Caldeira Saudade
Ano de 1951
Música: Tudo isto é fado
Letra: Glória Zorro
Canta: Mariana Pereira
Fonte: http://www.osetubalense.pt/noticia.asp?idEdicao=369&id=12756&idSeccao=2904&Action=noticia
Sem comentários:
Enviar um comentário